quarta-feira, 20 de abril de 2011

Globalização ?

"A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou nesta terça-feira (19), por 26 votos a 24, o Projeto de Lei (PL) 156/2009, que prevê a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa. O texto ainda deve ser encaminhado para sanção do governador Tarso Genro.

O texto do projeto é do deputado Raul Carrion (PCdoB) e não vale para nomes próprios. "Não queremos impedir o uso dos termos estrangeiros, apenas pedir a inclusão do termo equivalente em português caso haja tradução. Se não houver, que seja colocada a explicação do que o termo estrangeiro quer dizer."

O Projeto de Lei determina que os órgãos, instituições, empresas e fundações públicas poderão priorizar na redação de seus documentos oficiais, sítios virtuais, materiais de propaganda e publicidade, ou qualquer outra forma de relação institucional através da palavra escrita, a utilização da língua portuguesa.

Carrion lembrou que costuma ler o termo Sale nas vitrines de lojas, mas que prefere fazer compras em uma liquidação. "Por que temos que printar se podemos imprimir? A questão maior é incentivar o uso da língua portuguesa. Tenho certeza, por exemplo, que nossos publicitários têm capacidade intelectual para criar campanhas usando apenas a nossa língua.”

O deputado disse ao G1 que a lei não tem objetivo de punição. "Não é algo punitivo, mas educativo. A punição cabe aos órgãos fiscalizadores e vai depender de uma regulamentação, caso o texto seja aprovado pelo governador."

Na justificativa apresentada para a provação do Projeto de Lei, o deputado considera que a língua portuguesa está sendo descaracterizada pela "invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos como “drink” (aperitivo), “recall” (revisão), “franchise” (franquia), “coffebreak”
(intervalo para café), “self-service” (auto-serviço), todos com equivalentes consagrado em português".

No texto ainda cita termos na área da informática, como “site, mouse e-mail, home page, chip, on line, game etc".

Carrion leu, durante a defesa da aprovação do Projeto de Lei, um trecho do discurso do senador Ronaldo Cunha Lima, de 1998. "Claro que se trata de uma caricatura do que pode chegar o uso de estrangeirismos em nossa língua, mas vale o alerta. Queremos defender o aprendizado do nosso idioma".

Leia abaixo o texto lido pelo deputado Carrion na Assembleia Legislativa:

“A invasão de termos estrangeiros tem sido tão intensa que ninguém estranharia se eu fizesse aqui o seguinte relato do meu cotidiano: - Fui ao freezer, abri uma coca diet e sai cantarolando um jingle, enquanto ligava meu disc player para ouvir uma música new age. Precisava de um relax. Meu check up indicava stress. Dei um time e fui ler um bestseller no living do meu flat.

Desci ao playground; depois fui fazer o meu cooper. Na rua vi novos outdoors e revi velhos amigos do footing. Um deles comunicou-me aquisição de uma nova maison, com quatro suites e até convidou-me para o open house. Marcamos, inclusive, um happy hour. Tomaríamos um drink, um scotch, de preferência on the rocks.

O barman, muito chic, parecia um lord inglês. Perguntou-me se eu conhecia o novo point society da cidade: times square, ali na Gilberto Salomão, que fica perto doi Gaf, o La Basque e o Baby Beef, com serviços a la Carte e self-service. (...) Voltei para casa, ou, aliás, para o flat, pensando no day after. O que fazer? Dei boa noite ao meu chofer que, com muito fair play, respondeu-me: good night.”

Fonte

Sou professora de Português e sempre "briguei" para que a nossa Língua fosse tratada com respeito. Para isso mostrava aos alunos o porquê das regras para valorizar a nossa Língua Portuguesa .

Mas, creio que não é uma lei proibindo o uso de palavras estrangeiras que vai fazer com que os falantes utilizem somente palavras em Português.
Como proibir o uso dessas palavras e expressões se assistimos a programas de tv, ouvimos rádio, acessamos a internet, olhamos revistas ... tudo recheado de termos globalmente utilizados ?
Além do mais, qual seria a punição ?
Quem fiscalizaria ?
Qual o motivo de aprovar uma lei que todos sabem que não será cumprida ?

Com a sua licença, senhor Deputado, será que o senhor e sua equipe de assessores não poderiam ter pensado em um estímulo para que os estudantes valorizem a nossa Língua pátria ?
Quem sabe projetos nas escolas envolvendo atividades lúdicas ? Ou proporcionar atualização para que os professores pudessem interagir e trocar experiência ? Ou ainda parcerias com editoras, empresas e comunidade para promoverem atividades para reconhecerem a beleza da nossa Língua. Sei lá, pensem em algo prático ...

Penso que quando se valoriza alguma coisa, seu uso e preservação se dá de modo natural.
E não através de leis draconianas !

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